Arcos, MG - Brasil

"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante" (Albert Schweitzer)
"Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano integral". (Abraham Lincoln)

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O sucesso das Terapias com cães

Está cada vez mais comum assistirmos casos de sucesso em tratamentos com animais.

Em São Paulo, Sérgio Mendes, de 71 anos, foi um dos precursores no tratamento de doentes com auxílio de cães no país. Em 2001, ele levou um cachorro pela primeira vez ao Hospital Universitário da USP. Economista aposentado há 13 anos, aprendeu a adestrar cachorros como uma forma de preencher os dias. Para isso, fez estágio de três meses num acampamento de lobos nos EUA para entender as raízes do comportamento canino. Ao voltar ao Brasil, Mendes estava decidido a ajudar os doentes.

- Tive a idéia tomando café com um especialista no assunto, durante o meu estágio nos EUA. Esse tipo de tratamento faz uma diferença na vida das pessoas - explica.

Parte das recordações dos sete anos de terapia com cães encontra-se dentro de uma carteira, onde Mendes guarda os crachás usados pelos cachorros nos hospitais. Outra parte das lembranças está registrada no livro "Cachorro também é remédio", que ainda não foi lançado por falta de recursos.

No apartamento, onde mora sozinho, nos Jardins, Mendes treina atualmente a cadela Paçoca, de 10 meses, e sem pedigree. Vira-lata, ela foi adotada pelo aposentado no Centro de Controle de Zoonoses de Ubatuba, entre mais de 400 cães, com um destino traçado: alegrar a vida de pacientes internados.

Em Curitiba (PR), uma vez por semana, cães visitam um hospital infantil e ajudam na recuperação das crianças. Elas ficam mais felizes e, segundo os psicólogos, o estado de espírito é fundamental para a melhora desses pacientes.

A visita dos cachorros ao hospital acontece uma vez por semana depois de uma rigorosa avaliação do comportamento dos cães, de uma consulta veterinária e de uma passagem deles pelo salão de beleza. "Eles recebem um banho com produtos especiais antes de vir para o projeto", informa uma veterinária.

Assim, até pacientes com o sistema imunológico abalado por tratamentos intensos, como quimioterapia, são liberados pelos médicos para aproveitar a visita. "A gente soube (da visita) agora de manhã. Ele estava dormindo e levantou, tomou um banho e pediu para vir", conta a mãe de um paciente, Ângela Baggio.

Os psicólogos não têm dúvidas: o estado de espírito dos pacientes é fundamental para a recuperação. Olhando essas crianças com os cachorros, é possível perceber o bom humor e a satisfação. "Enquanto as crianças estão com os cães, elas esquecem que ficam dentro do hospital e tudo que isso significa para elas", comenta a psicóloga Patrícia Bertolini.

O entrosamento entre as crianças e os animais é tão grande que fica difícil dizer se são os pacientes do hospital que estão em terapia ou os cachorros, que recebem muito carinho. Depois de alimentar o buldogue francês, Juliano, de 6 anos, resume o quanto a experiência foi importante, pedindo desculpas ao cachorro. "Sinto muito, vou ter que ir pingar colírio no meu olho", diz ele, voltando para o quarto.


No mundo

Jack não é formado em medicina nem pode ser qualificado como enfermeiro. Mas dá expediente todos os dias em um dos centros médicos mais importantes dos Estados Unidos, ainda que tenha apenas 9 anos de idade. Além da tenra idade e da falta de formação profissional específica, ocorre que Jack é um cachorro. O pinscher integra a equipe de tratamento da Clínica Mayo, ajudando os pacientes em atividades físicas, reabilitação e terapia da fala. Bicho de estimação de Márcia Fritzmeier, funcionária da clínica, Jack visita de 8 a 10 pacientes diariamente.

“Por que utilizamos um animal na terapia de pacientes da Clínica Mayo? Porque funciona!”, diz Brent Bauer, do departamento de medicina complementar e integrativa da Mayo. “Quase todos os pacientes se sentem melhor depois de uma visita de um cachorro como Jack. Mais que isso, estudos científicos têm comprovado que esse tipo de terapia pode reduzir a dor em crianças, ajudar a alcançar melhores resultados no tratamento de adultos hospitalizados com insuficiência cardíaca e reduzir o uso de medicamentos em pacientes idosos.”

Com base nessas constatações, Edward Creagan, do departamento de oncologia da instituição, elaborou a pesquisa “Dimensão da Cura por Animais de Estimação”. O trabalho, um ensaio acadêmico, virou a base para uma espécie de homenagem a Jack: o “primeiro animal em serviço na Mayo”, como é qualificado pela instituição, inspirou um livro infantil, “Dr. Jack”. Barbara Bush, ex-primeira dama dos EUA e uma das curadoras da clínica, escreveu o prefácio.

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