Arcos, MG - Brasil

"Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante" (Albert Schweitzer)
"Eu sou a favor dos direitos animais bem como dos direitos humanos. Essa é a proposta de um ser humano integral". (Abraham Lincoln)

terça-feira, 22 de junho de 2010

Na midia: Cachorro é morto a tiros por militar

Uma família está indignada com o desfecho de uma ocorrência policial, realizada no último dia 29 de maio. Um cão da raça pit bull, de um ano de idade, foi morto a tiros por um militar, depois de ter fugido da casa onde era criado, no Planalto, e ter perambulado pelas ruas do bairro. A dona do animal acredita que o cachorro foi morto de forma cruel e violenta.

A costureira Rose Carolina Nascimento Ribeiro, de 26 anos, diz que o casal de cães da raça ‘Pit Bull’, que ela criava, fugiu enquanto ela foi a uma farmácia. “No sábado, eu tinha saído de casa para ir até a farmácia, com meu filho. Fechei o portão e tranquei os cachorros, como faço normalmente. Quando eu estava voltando, uma vizinha já veio correndo ao meu encontro e me disse para eu procurar a ‘Cleo’ (nome da fêmea), porque o ‘Brad’ (macho que foi morto), os policiais haviam matado. Esperei meu marido chegar do serviço e fomos procurar saber o que aconteceu direito”, diz.

Segundo a dona do animal morto, os militares alegaram que um dos cães agrediu uma criança, mas nenhum Boletim de Ocorrências foi registrado. “Os policiais falaram que o cachorro havia avançado e mordido uma criança e que a mãe dessa criança teria chamado a polícia. Mas só que não foi feito nenhum Boletim de Ocorrências e nem exame de corpo de delito na criança para constatar a agressão. Eu procurei saber se houve isso mesmo”, diz a dona dos cães.

Rose Carolina diz que o filho dela, de um ano e meio de idade, deu febre por causa da falta da morte do cachorro da família. “Eu peguei o ‘Brad’ quando ele tinha 40 dias de vida, e ele foi adquirido de uma médica veterinária, em São Paulo, onde morava. Assim que ele acabou de ser amamentado, já o levei para a casa. O meu filho de um ano e seis meses brincava sempre com o cachorro. Eu estou ficando na casa da minha mãe, porque se eu for para a minha casa, meu filho fica chamando pelo cachorro, e como o ‘Brad’ não aparece, ele chora”. Durante a entrevista, o filho da costureira ficou chamando pelo nome do cachorro, após ter visto a foto dele.

A dona dos cães diz que um vizinho tirou fotos do cachorro sendo sacrificado e que um dos policiais pediu para que ele apagasse a foto. “Eu tenho duas testemunhas, uma delas é um rapaz que tirou as fotos de um celular. Um policial, que não sei quem é, pediu que ele apagasse as fotos, então ele fingiu que apagou. Os vizinhos que testemunharam me disseram que os policiais prenderam o cachorro e perguntaram ao Jader (Pimentel) o que poderiam fazer com o cachorro, e ele disse que não tinha nada que poderia ser feito e que era para matar o animal”, conta.

A costureira fala que o cão dela foi morto na frente de crianças. “Eu conversei com uma testemunha e ela me disse que o cachorro foi morto na frente de crianças, no meio da rua. Foi uma morte cruel”, diz.
Segundo Rose Carolina, depois que ela decidiu entrar com uma ação para apurar as circunstâncias da morte do cão, ela foi informada que os cães agrediram as pessoas do bairro. “Agora estão (Polícia Militar) com desculpa de dizer que mataram meu cachorro porque ele teria agredido alguém. Eu não acredito nisso, porque eles tinham boa convivência até com pessoas desconhecidas”, fala.

A costureira diz que a forma que o animal dela foi morto não é correta e que vai entrar com uma ação na Justiça para apurar o caso. “Eu já me informei com um advogado, que se fosse para matar o animal teria que levá-lo para outro lugar, que não poderia ser no meio da rua. Já fui conversar com a promotora (Gislaine Testi Coleti), fiz um relatório e ela disse que vai averiguar. Eu quero justiça”, diz Rose, consternada com a perda do animal.

Cadela é atingida por tiro, mas consegue fugir

De acordo com Rose Carolina, a cachorra dela, que atende pelo nome de ‘Cleo’, foi atingida por um tiro, mas conseguiu fugir. “A ‘Cleo’ foi acolhida por um rapaz que ficou com medo dos policiais a matarem e, por isso, a escondeu na casa dele. Ela está com uma bala alojada no pescoço e precisa fazer uma cirurgia. Quero saber quem vai pagar por isso, porque meus cachorros não machucaram ninguém, só fugiram e ficaram andando pelas ruas”, diz.

Rose diz que o policial deu três tiros no cachorro. “O que fizeram foi um assassinato, uma crueldade. As pessoas que viram me contaram que eles (policiais) deram um tiro no pescoço do ‘Brad’, como ele não morreu, deram outro tiro na cabeça, e, por fim, atiraram no olho dele”.

Segundo a proprietária do animal, os vizinhos que presenciaram o cachorro ser sacrificado disseram que ele estava amarrado quando foi morto. “Os vizinhos me disseram que os policiais amarraram o ‘Brad’ para poder atirar nele, mas agora falam que o cachorro estava avançando nas pessoas. Se fosse avançar, os cachorros teriam ido contra os policiais que estavam atrás dele para matá-los”, acredita.

Rose Carolina conta que a morte do ‘Brad’ causou muita tristeza para a família dela. “Estou sentido muita falta dele. É muito triste chegar na minha casa e não ter mais ele por lá (...) Toda vez que chegava era uma festa. O ‘Brad’ corria atrás do meu menino e eu corria atrás dos dois. Era uma alegria”.

De acordo com a proprietária, os cães passeavam sempre com coleira e focinheira. “A gente tinha o hábito de passear com o cachorro. Sempre colocava a coleira e a focinheira, porque me falaram que a raça aqui tinha restrições (Rose mora em Arcos há pouco mais de um ano), daí meu marido comprou”, fala e enfatiza: “Vou até o final e não vou sossegar até eles serem punidos pelo crime que cometeram”, encerra.

Comandante da PM diz que ação foi realizada por medida de segurança

O comandante da Polícia Militar em Arcos, tenente César Henrique Bittencourt, diz que a ação policial foi realizada da forma que deveria ser feita. “Houve um chamado alegando que havia dois pit bull’s soltos na rua e que eles estariam avançando nas pessoas, inclusive em crianças. Como a cidade não dispõe do serviço de Corpo de Bombeiros e a ocorrência foi em um sábado, acabou sendo feito o policiamento ostensivo, sem o uso de equipamento para poder pegar o cachorro. Então foi feito o contato com o representante do setor de Zoonoses de Arcos, Jader Pimentel, para que ele fosse até o local apreender esses cães, como sempre é feito”.

Segundo o tenente Bittencourt, os cães estavam agressivos. “O próprio Jader (Pimentel) e os policiais que participaram da ocorrência disseram que os cães estavam agressivos. A Polícia Militar foi simplesmente para dar um apoio ao Centro de Zoonoses, e a decisão de o que fazer é dele (Jader). A decisão de sacrificar o cachorro foi dele (Jader). Os donos foram procurados por mais de duas horas de prazo e há um vídeo gravado em um comércio, no qual os animais aparecem agredindo algumas pessoas”, diz o comandante da PM, que até o dia da entrevista, ainda não havia assistido a esse vídeo.

Sobre a decisão de sacrificar o animal ter sido do representante do setor de Zoonoses do município, o tenente Bittencourt diz que a decisão final sobre o que fazer foi dos próprios policiais. “Os policiais não têm que acatar a decisão do chefe do setor de Zoonoses, mas em virtude da agressividade dos animais, um foi sacrificado. Isso foi feito, porque se por ventura um animal atacasse uma criança, o policial que estava acompanhando a ocorrência poderia ser responsável por omissão. Inclusive, quando os donos forem identificados eles serão notificados por terem deixado os cães fugirem e pelo risco que essa ação gerou” explica.

Sobre a alegação da proprietária dos cães, em dizer que os animais eram sociáveis e que os vizinhos se indignaram com a ação dos policiais, o comandante da PM diz que “nenhum vizinho se manifestou para deixar o cachorro na casa deles até os donos chegarem, porque estavam todos correndo deles”, conta.
Tenente Bittencourt conta que esse tipo de ocorrências não é da alçada da Polícia Militar, mas que devido à falta de órgãos especializados, os militares compareceram ao local. “O correto é ter uma equipe especializada para apreender o cachorro, mas nessas ocorrências o telefone que toca é o 190. Isso não é ocorrência nossa, nós a atendemos porque não temos outra opção. Nós não somos treinados para pegar cachorro”.

Tentativas de poupar a vida do cão foram tomadas

Tenente Bittencourt diz que o animal foi sacrificado quando todas as ações para poupar a vida dele se esgotaram. “A situação chegou ao extremo, a ponto de o responsável (do setor de Zoonoses) dizer que não tinha mais o que fazer. A ação do policial é para poupar a vida. Se os donos dos animais tivessem sido localizados, como foram procurados por duas horas, o cão não teria sido morto”, finaliza.

O sargento Daniel Fernandes foi um dos dois policiais que atendeu a ocorrência no dia 29 de maio. Ele diz que o denunciante ligou para a PM relatando a agressão dos animais, que estavam soltos no bairro Jardim Bela Vista. “Quando chegamos ao local indicado, já estava o bairro todo na rua, as pessoas assustadas de dentro dos portões das casas e os ‘pit-bull’s’ correndo no bairro inteiro. Nós ficamos tentando controlar os cachorros e acionamos o Jader (Pimentel), da Zoonose, para que ele fosse capturar os cachorros. Nós ficamos aguardando, porque ele estava no outro emprego dele. Ficamos de 9h até 11h45 acompanhando esses animais, que invadiram bares e até em açougue eles entraram para poder pegar carne”, conta.

Segundo Sargento Daniel, após avaliar a situação, o representante do setor de Zoonose disse que não teria mais o que fazer. “Por volta de 11h, o Jader (Pimentel) chegou à rua José Mantina, e os cães tinham entrado em uma casa de peças e os funcionários tinham subido em cima das prateleiras para fugir dos animais. Mostramos a situação para ele (Jader), que nos disse não haver mais condições de fazer algo, porque não teria local, equipamento e nem equipe para apreender o animal, porque era um sábado” diz.

O policial avalia que o cão foi sacrificado porque estava oferecendo risco para a sociedade. “Em conversa com o Jader (Pimentel), nós dissemos que a PM não poderia fazer nada, e que o órgão competente era a Zoonose, que também não podia recolher o animal. Então, a única solução que achamos que teria que ser feita era sacrificá-los, porque o risco estava muito maior para as pessoas”.

Sargento Daniel disse que foi dado apenas um tiro em um animal. “Foi apenas um tiro. Só um cão tomou o tiro, porque o outro fugiu. Nenhum dos dois cães chegou a ser amarrado, porque não tínhamos ferramenta. O único meio de pegar o pit bull era com uma ferramenta especializada para que a gente ficasse a uma distância segura deles”.

Sobre a acusação de ter coagido uma pessoa que fotografou o momento em que o cão foi morto, Sargento Daniel disse que não fez isso, que não testemunhou o outro policial ter essa atitude e que, portanto, essa afirmação não procederia.

Polícia diz que Prefeitura não fez a parte dela

Sargento Daniel diz que a responsabilidade de recolher os animais é do Governo Municipal. “Gostaria de frisar que a Prefeitura tem que ter meios para controlar isso, porque a PM não tem que pegar pit bull e nem controlar esse animais. Em um caso como esse, nós (PM) acionamos a Prefeitura e ela não tem pessoas e nem ferramentas. Mas é a PM que acaba sendo a culpada, porque foi um policial que sacrificou o cão. A nossa parte é evitar que o mal maior aconteça, mas para que nenhum mal ocorra tem que haver interação de todos os órgãos, e não tem. A Prefeitura não cumpre com a responsabilidade dela de recolher esses animais. Nós tentamos preservar a vida deles o tempo todo, mas não foi possível”, lamenta o policial.

A reportagem entrou em contato com o responsável pelo setor de Zoonoses do município, Jader Pimentel, para esclarecer por qual motivo a vida do cão não foi preservada durante a ocorrência, mas ele disse que qualquer informação sobre o assunto seria repassada à imprensa pelo assessor de comunicação da Prefeitura, Márcio Ferreira.

Por telefone, Márcio Ferreira reforçou as informações que já haviam sido passadas pela PM. De acordo com o assessor, o chefe do setor de Zoonoses o entregou cinco vídeos que registraram a agressão dos animais, porém, o assessor não assistiu a nenhum deles, porque não conseguiu abrir os vídeos, devido ao formato que eles foram salvos.

A promotora Gislaine Testi Coleti informou ao CCO que já requereu a abertura de um inquérito, junto à Polícia Civil, para apurar o caso.

A reportagem do ‘CCO’ entrou em contato com o estabelecimento comercial que teria as imagens das agressões dos cães, mas a esposa do proprietário do comércio disse que apenas o marido dela saberia falar sobre os vídeos e que ela não teria conhecimento deles.

Por: Jornal CCO
http://www.jornalcco.com.br/index.php?basePrincipal=noticiasVisualizar&noticia=452

Um comentário:

  1. Não sei se foi por acaso mas o nosso cachorro tambem chamado Bread de sete anos, foi morto quase nas mesmas circunstancias. Mas antes da policia matar, as pessoas na rua o agredio até seu olho sair pra fora, e seu cranio ficar amassado, muito machucado ele procurou refugio na casa de uma senhora que não deixou ninguem entrar, mas chegou a policia e ingorou seu pedido invadindo e efetuou um tiro nele não o abatendo na hora. E pra piorar no B.O consta que ele atacava pessoas na rua e estava muito agressivo e investio contra o policial por isso efetuou o tiro. Parece brincadeira da parte deles, mas é so falta de argumentos e de capacidade de resolver problemas usando a razão, preferem usar seus instintos de humanos, por que as vezes preferimos ser comparados,como animal a ser comparados com essa raça estranha(humada)que mata por prazer. Ainda existem pessoas boas mas essas pessoas não tem alma de humanos mas sim um dom superior, que a maioria dos humanos perderam no decorrer dos milenios. Humano deixou de ser humano e passou a ser manipulados pela midia e ideias inerentes a sua realidade.é o fim dos tempos. Fomos chamado na delegacia pra depor mas eles não tem provar e muito menos corpo delito. Não sei de vcs já sabem da lei de proteção ambiental, pois vamos usar isso contra esses monstros, pois sentimos muita falta de nosso Bread.

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